Nem mesmo o excesso de informações no mundo atual levou a sociedade brasileira a tomar conhecimento das dificuldades que os deficientes visuais têm para adotar um cão-guia no Brasil.
O país possui 1,4 milhão de pessoas com esse tipo de deficiência, enquanto o número de cães-guia não passa de sessenta. Por que essa diferença? O treinamento é demorado, os custos são muito elevados e as dificuldades de importação desses animais são enormes.
Para mudar essa realidade o governo federal, através Secretaria de Direitos Humanos criou o Cadastro Nacional de Candidatos à Utilização de Cães-Guia (cadastrocaoguia@sdh.gov.br). A inscrição servirá para a criação de uma lista de candidatos que poderão adquirir um cão-guia nos processos de seleção realizados pelos centros de treinamento especializados, que estão sendo implantados em vários estados.
Com tal iniciativa o Brasil passa a ser o único país da América Latina a trabalhar com esse tipo de formação. Em média, o treinamento demora dois anos e custa o equivalente a R$25 mil. Já os custos de importação de um animal bem treinado passam dos US$30 mil.
Não é fácil ser um cão-guia porque o papel dele vai além da locomoção. O convívio social é apontado como o maior benefício pelos que já podem contar com essa companhia leal. Se a pessoa tem um cachorro, outras naturalmente chegam perto e iniciam uma conversa. Com a bengala, o cego fica sempre excluído.
Os critérios de seleção do animal começam pela saúde perfeita e a isenção de agressividade. Várias raças podem ser usadas na função, tais como boxer, dálmata e pastor-alemão mas o que importa mesmo é o temperamento. Por isso, 90% dos animais treinados são das raças labrador e Golden retrivier, reconhecidas como dóceis e trabalhadoras.
Esses animais ficam com os donos 24 horas por dia, por isso têm direito a entrar em todos os lugares aos quais os proprietários têm direito, incluindo metrô, ônibus e espaços públicos.
Como os treinamentos são intensos, sob todos os aspectos, de cada 10 cães apenas 30% conseguem ‘se formar’ nos cursos. A prova final é muito difícil e eliminatória, já que o animal precisa ter uma personalidade que combine com a de seu futuro dono. Mas a fase de testes também é importante para os humanos, porque eles precisam aprender a confiar totalmente no cachorro.
Os cães-guia também não podem trabalhar em idade avançada, devido ao fato da atividade ser desgastante. Em média, depois de oito a dez anos de prestação de serviços chega a hora de se aposentarem. Se você conhece algum deficiente visual que pode ser beneficiado pelo projeto, divulgue essa ideia.
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